Alentejo, a maior das províncias portuguesas. Ocupa um terço do território nacional, estando limitada a Norte pelo rio Tejo, a Oeste pelo Oceano Atlântico, a Este pela fronteira espanhola e a sul pela região do Algarve. De destacar ainda que:
• Está subdividida em 4 regiões: Alto Alentejo, Alentejo Central, Baixo Alentejo e Alentejo Litoral.
• É constituída por 46 concelhos, espalhados pelos distritos de Portalegre, Évora, Beja e Setúbal.
Esta é a principal região agrícola em Portugal, representando praticamente metade da superfície utilizada no continente para este fim.
Quais as principais culturas?
As principais culturas em quantidade são os cereais, a oliveira e a vinha. Existem igualmente alguns nichos importantes, nomeadamente os hortofrutícolas.
No Alentejo, o setor do azeite tem uma relevância bastante considerável, tendo em conta que a região é responsável por 30% da produção total em Portugal.
Relativamente à silvicultura, o destaque é dado ao montado de sobro e azinho. Assim, produz-se no Alentejo cerca de 70% do total nacional de cortiça, o que muito contribui para o facto de Portugal ser atualmente o maior produtor do mundo. O montado tem também um papel importante no que toca à conservação da biodiversidade e à limpeza do ar. Afinal, por cada tonelada de cortiça produzida, os sobreiros conseguem limpar 73 toneladas de dióxido de carbono.
É também no Alentejo onde a criação animal está bastante presente, quer ao nível dos bovinos, suínos, caprinos e, principalmente, ovinos.
Por fim, e não menos importante, temos a vinha. Esta região apresenta uma grande aptidão para a produção de vinhos de qualidade e tipicidade. Assim, e no que toca ao mercado nacional de vinho de qualidade engarrafado, com Denominação de Origem Controlada ou Vinho Regional, o Alentejo representa uma quota de 42%.
A viticultura alentejana
O Alentejo apresenta características específicas que garantem aos seus vinhos atributos únicos, quer ao nível do sabor, do teor de álcool ou do grau de acidez. O clima, a exposição solar, as particularidades dos solos e a geografia dão aos seus néctares a tipicidade que os distingue em todo o mundo.
A área de vinha ronda os 23.000 hectares (7% do total nacional), sendo cultivada em 3.140 explorações, com uma dimensão média de 5.4 ha. Este é um valor superior à média nacional: 0.9 ha.
Ao longo dos últimos anos a viticultura Alentejana tem vindo a desenvolver-se graças ao dinamismo das Adegas Cooperativas.
A geografia
Em termos geográficos, o Alentejo Central é a unidade mais importante no cultivo da vinha, incorporando as sub-regiões vitícolas de Borba, Redondo, Reguengos, Évora e uma parte de Granja/Amareleja. A primeira abrange não só o concelho de Borba, mas igualmente o de Estremoz, Vila Viçosa, Elvas, Alandroal e Monforte.
O microclima existente em algumas destas localidades resulta de acidentes orográficos, influenciados pela:
• Serra de S. Mamede, com 1.025 m de altitude.
• Serra d’Ossa, com 649 m (com influência direta na região de Borba).
• Serra de Portel, com 421 m.
Ao nível hidrográfico, destaca-se a influência do Guadiana, do Sado e dos seus afluentes.
Por outro lado, não esquecer a importância do papel dos rios Caia, Xévora e Degebe, afluentes do Guadiana, Xarrana e Almansor.
Clima
As zonas vitivinícolas do Alentejo situam-se na faixa Ibero-Mediterrânea, apresentando características mediterrânicas. Assim, as primaveras e os verões são particularmente quentes e secos, enquanto os invernos são extremamente frios. A temperatura média anual situa-se entre os 15,5ºC e os 16ºC, com máxima absoluta de 42ºC e mínima de -5ºC.
O nível de insolação é particularmente elevado (3.000 horas/ano), principalmente no trimestre anterior às vindimas, o que contribui para uma perfeita maturação das uvas e elevada qualidade dos vinhos.
Estas condições são favoráveis, por exemplo, não só à síntese e acumulação dos açúcares, como também à concentração das matérias corantes nas películas dos bagos.
Em Borba, a precipitação média anual é de 750-850 m, concentrando-se nos meses de Inverno.
Solos
Nas zonas vitivinícolas, os solos predominantes no Alentejo são de origem granítica com manchas de derivados de xisto e quartzo dioritos.
No entanto, a região de Borba é caracterizada com uma maior dominância de solos derivados direta ou indiretamente de calcários cristalinos.
De uma maneira geral, apresentam uma média e baixa fertilidade mas com elevada drenagem natural, o que os torna particularmente aptos para a cultura de plantas lenhosas.
A cultura da vinha no Alentejo
A área de vinha no Alentejo encontra-se nos solos mais pobres da região. É normalmente instalada em terrenos com declives suaves (excepto na região de Portalegre), cuja exposição predominante é a sul.
A grande maioria das vinhas alentejanas está cultivada de forma a não agredir o ambiente e sujeita a uma prática de proteção integrada, o que reduz significativamente a utilização de pesticidas. Neste caso, e quando usados, são selecionados sempre os menos tóxicos e racionalizada a sua aplicação.
O sistema de condução tradicional é a vinha baixa em bardo, com vegetação ascendente, de pequena e média expansão vegetativa, podada normalmente em “cordão bilateral” ou em “Guyot duplo”.
Os valores médios de produção na região variam entre os 35 e 40 hl/ha, sendo o limite máximo definido nos estatutos das zonas vitivinícolas, de 55 hl/ha para as castas de uvas tintas e de 60 hl/ha para as castas de uvas brancas.